
Apetecia descobrir esta cidade que reprimi,
dizer todas as palavras proibidas
que, em segredo, me revolvem.
Viajar todos os recantos,
todos os sítios que ainda se resguardam
e que não sei.
Apetecia, em suma, viver e reviver
os longos silêncios desta procura.
Estar assim contigo, de mãos dadas,
olhos nos olhos,
decifrando o mistério de um tempo que pode-ser.
Sonho e sofro o reviver,
os passos de um novo tempo
que, por dentro, já é ser.
O tempo de um templo por cumprir,
quando tuas mãos me dão sinal
da palavra original.
Sei que somos e que sofremos
os passos todos que não demos.
Na simplicidade de cumprir
o nosso sonho, vamos semeando
na terra prometida, que tem de ser,
um lugar onde.
Viver e reviver
os longos silêncios desta procura.
Se eu pudesse voar sobre quem somos,
vencendo o medo que tivemos dentro de nós.
Se pudesse chegar o tempo de dizermos mais,
o que um ao outro jamais dissemos.
Nas mãos a que nos demos e onde tecemos,
dedos cruzados, o calor que há-de vencer
o frio da espera.
A noite não terá fim nesse cais suspenso sobre o lodo
e em teu corpo deporei a flor do tempo que virá.
Que só contigo eu sei dizer amor,
olhos nos olhos, viver amor,
corpos nos corpos,
sem ter que me esconder
de quem na verdade sou.