dezembro 20, 2008

Apetece fugir para te encontrar


Apetecia descobrir esta cidade que reprimi,
dizer todas as palavras proibidas
que, em segredo, me revolvem.
Viajar todos os recantos,
todos os sítios que ainda se resguardam
e que não sei.

Apetecia, em suma, viver e reviver
os longos silêncios desta procura.
Estar assim contigo, de mãos dadas,
olhos nos olhos,
decifrando o mistério de um tempo que pode-ser.

Sonho e sofro o reviver,
os passos de um novo tempo
que, por dentro, já é ser.
O tempo de um templo por cumprir,
quando tuas mãos me dão sinal
da palavra original.

Sei que somos e que sofremos
os passos todos que não demos.
Na simplicidade de cumprir
o nosso sonho, vamos semeando
na terra prometida, que tem de ser,
um lugar onde.
Viver e reviver
os longos silêncios desta procura.



Se eu pudesse voar sobre quem somos,
vencendo o medo que tivemos dentro de nós.
Se pudesse chegar o tempo de dizermos mais,
o que um ao outro jamais dissemos.
Nas mãos a que nos demos e onde tecemos,
dedos cruzados, o calor que há-de vencer
o frio da espera.
A noite não terá fim nesse cais suspenso sobre o lodo
e em teu corpo deporei a flor do tempo que virá.


Que só contigo eu sei dizer amor,
olhos nos olhos, viver amor,
corpos nos corpos,
sem ter que me esconder
de quem na verdade sou.