dezembro 18, 2008

Um tempo-mar que há-de ser

Apetece sorver o tempo-mar
que há-de ser
e assim volver ao sonho,
à vertigem de um acaso procurado.
Porque, no mais fundo de quem sou,
há sempre um pedaço de mar.

Há um tempo de espera de quem sou.
Agora e aqui, diante de mim.

E vou, pelo mar sem fim,
que meus olhos perseguem.
E reparo, nas muitas palavras dispersas
que me repõem.

Sou tanta gente antes de mim
que, quando por mim dentro me procuro,
é em todos os outros
que me confundo.
E assim, com os outros,
em comunhão, refeito
sou bem mais do que me penso.