dezembro 18, 2008

Em noites de silêncio e dor

São longos estes dias de espera,
esta frustração de não poder,
contigo,
peregrinar
os montes e vales que me vão cercando,
sobretudo em noites de silêncio e dor.
Que doem as coisas que não temos
e esse espaço que medimos como frustração e desafio,
enquanto silêncio a preencher.

Eis que chega o tempo de acordar,
de estar assim desperto
perante o desabrochar do dia,
com o sol rompendo por entre os montes
e o vento despertando a ramagem dos pinheiros.
Eis o longo dia que volto a querer peregrinar,
assim diante do cosmos
e podendo acariciar,
mexer, revolver, rearrumar.

Eis o corpo exposto nas tábuas do meu peito,
onde posso suspender teu corpo,
o porto de partida para a longa viagem
de uma nova criação do mundo.
Eis o tempo do voo
do pássaro azul que vou procurando,
contra os temores que me dão revolta,
contra os frios de uma noite de remorso.

Eis a luz que me traz esta janela rasgada,
diante do mar,
este canto ocidental da minha casa,
onde me guardo para viver
o prazer da escrita,
mas onde também a ventania descobre
todas as frinchas das portadas.
Eis o largo espaço
de um tempo por cumprir,
quando apetecem cordas
que sustentam o meu corpo.