dezembro 18, 2008

O Império morreu no meu quintal

As Áfricas deram-lhe a viuvez,
o paludismo
e cinco filhos.
Porque marido, todo janota,
por lá ficou,
desfeito em pó,
e ela voltou tão pobre
quanto partira.

Oh menino, aquilo era pior que a nossa terra
ruas de terra batida
e os pretos todos à nossa beira.
Sobretudo a nossa bandeira.

E foi num dia de começo do Verão do ano de 1974
que, com a senhora Maria, minha vizinha,
depois do discurso presidencial do abandono,
que os dois, em silêncio.
decidimos arrear
o sonho daquela bandeira azul e branca,
que, num mastro de cana, eu erguera
no quintal.