dezembro 18, 2008

Ter um qualquer lugar que me dê lugar

Sinto que necessito, aqui e agora,
de umas quaisquer mãos livres
que me dêem espaço
para um qualquer lugar no mapa dos sonhos.
Um qualquer signo
que me possa transportar
para novos dias,
diante de quem sou.
Dias de quem, na verdade, sou.

Ter um qualquer lugar que me dê lugar,
que não esta espera sem mãos de espera,
este desejo de ficar e de sofrer.

Olho através da janela o pequeno pinheiro,
o melro de bico amarelo, avermelhado,
as flores vermelhas da jardineira,
a água da ribeira e o céu inteiro sem uma nuvem sequer. E sabe tão bem sentir, no azul da rua, a mesma cor que tenho dentro de mim. Sabe tão bem sentir a vinda de mais um dia e apetecer vivê-lo, na paz inteira, sem que as nuvens do remorso e do pecado me toldem a memória.