dezembro 18, 2008

Humano, demasiado humano

Humano, demasiado humano,
assento meus pés nus no lodo
e nas vísceras
do quotidiano pecado,
pleno de tentações e pulsões
que me varam e me penetram.
Mas também não deixo de procurar
olhar as estrelas, as noites de luar
ou de, em pleno dia,
ousar sentir de frente a violência solar.

Humano, demasiado humano,
me sinto apenas mais um pedaço
da minha própria história,
tanto da pessoal como da colectiva,
ambas imaginadas pela experiência.


É por isso que, às vezes, no silêncio da madrugada,
me chegam súbitos sinais de vida
e gritos por dar,
talvez por causa do meu quotidiano treino
no exercício da palavra como missão,
nisso a que chamam poesia,
que é pensar a palavra viva,
para viver meu pensamento
e sentir o que vou pensando.