dezembro 18, 2008

Falta ainda muita viagem por cumprir


Quando pudermos dizer, como Pessoa, "tudo pela humanidade, nada contra a nação", mas desde que cada nação seja entendida como caminho para "uma super-nação futura".


Falta ainda muita viagem por cumprir
para que os homens de boa vontade
possam varar as tormentas
e procurar a boa esperança
de um novo caminho
que nos dê humanidade,
quando o ser vencer o ter,
quando o amor vencer a guerra.

Quando tratarmos o nosso outro
como o próximo,
o vizinho,
o conterrâneo,
o compatriota,
o irmão.

Quando, sem negarmos as pequenas pátrias
e as grandes pátrias, soubermos ascender à terra dos homens,
à cosmopolis

Quando vencermos os impérios que nos invadem,
de forma visível e invisível,
pelo mercado
ou pela colonização cultural.

Quando, de mãos livres,
pudermos ter fé no homem,
no seu destino
ou no seu transcendente.

Quando o abraço armilar nos voltar a aquecer.

Não, ainda vivemos nas guerras civis ideológicas,
nas guerras frias culturais,
e, sobretudo, nas guerrazinhas de homenzinhos,
desses que são marcados pela vontade de poder,
nesta anarquia mansa que, subterraneamente, nos amarfanha
pelas longas teias da cobardia,
que geram as sucessivas ditaduras
do situacionismo e da incompetência.


Insurge-te
contra este mais do mesmo,
desobedece
aos compadres e comadres desta partidocracia,
não admitas que, no espaço público,
em nome das razões de Estado,
se pratique aquilo que rejeitas
em tua casa,
na tua família,
na tua rua,
na tua terra.
Volta a ser um homem livre,
não tenhas medo!