dezembro 20, 2008

O mistério de, contigo, ser mais eu

Apetecia ser contigo,
ser assim bem mais do que eu,
ser contigo,
ser o nós,
e ser por nós, à tua beira.
Ser contigo para ser mais eu,
e sermos, sem sinais de angústia,
nem restos empedernidos da invernia.
Apetecia, contigo,
olhar de frente
quem, na verdade, somos,
sem a carga dos versos por cumprir.

Que o vento me traga
quem na verdade sou.
Os sinais do sítio para onde vou.
As vagas de um mar por descobrir.
Sinais de silêncio,
restos de vento.
Que versos, dispersos, alumiem
quem na verdade sou.

Apetecia viajar à beira de quem fomos,
de quem somos,
perto do rio
que em seu vaivém
nos deu corrente.
Ter suave vertigem do amanhã,
brasa de um fogo por cumprir,
risco de um além
que talvez um dia possa ser,
nesse tempo por cumprir.




Apetecia ser contigo,
assim à tua beira,
sem sinais de angústia,
nem restos da empedernida invernia,
para sermos mais do que nós.
Apetecia, contigo, olhar de frente
quem, na verdade, somos.

Para que o vento nos traga
sinais do sítio para onde vamos.
Em versos, dispersos, por cumprir,
que nos dêem as vagas de um mar por descobrir.

Apetecia viajar à beira de quem fomos,
perto do rio que em seu vaivém nos deu corrente.
Para voltarmos a ser
a suave vertigem do amanhã,
a brasa de um fogo que nos dê
o dia que há-de ser.