dezembro 18, 2008

A ti Paivita que gostava de cachaça e de bailar

Sobretudo, a ti Paivita.
Gostava de cachaça e de bailar
e no fim das vindimas ou da azeitona
era vê-la cantar a cana verde:
Oh cavalheiro! Oh! Oh!
Morreu-lhe o homem quando ainda era nova
e, com dois filhos nos braços,
a jovem viúva guardava a honradez
trabalhando em todas as terras do lugar.
Só o bagaço a distraía,
a quente cachaça que lhe dava companhia.
Mas os fantasmas da trovoada eram os deuses ralhando,
todos os santos do céu à bofetada.
Oh cavalheiro! Oh! Oh!
Paivita lhe chamavam, tem oitenta ou noventa,
já ninguém sabe,
nem ela própria se sabe,
mas todos os dias passa no Largo da Praça,
a caminho da fonte.
Com um cantarinho de lata,
vai velhinha e não segura.