dezembro 18, 2008

Dura mais a palavra procurada do que o prazer do poder


Dura mais a palavra procurada
do que o prazer do poder,
esse mandar nos outros pelas pequenas vaidades.
Dura mais o sonho do que o cartão de crédito.
Dura mais o que secretamente nos prende.

Amar é o preciso contrário de mandar.
Não quero mandar nos outros, prefiro amar.
Quando me entrego, sou corrente
dinâmica que não se sente
e que, profundamente, me transforma
em simples parcela da humanidade.
O que será para sempre
não é o que mediaticamente se sente,
captando o que apenas é vaivém.

E é mais belo o acaso de um olhar
que a paisagem possa retratar,
esse momento breve da criação
quando o nosso eu consegue
prender coisa com coisa
e sorver as circunstâncias
que para isso nos rodeiam.
Esboçando o sentimento de um olhar,
compondo um som que nos vá inspirando,
ou fazendo, do sentimento,
as linhas tracejadas de um verso
que um poema por fazer possa conter.